As histórias de vampiros humanos que sugam o sangue das suas vítimas para se alimentarem, tornando-as igualmente vampiros, têm-se espalhado pelo Mundo, à medida que a Globalização avança. Mas os
Vampiros como hoje se entendem, os seus poderes e fraquezas, teve a sua origem no folclore da Europa de Leste. A própria palavra «vampiro» deriva directamente da palavra «
vampir», comum a todas as línguas eslavas (do romeno ao russo), surgida por volta de 1050 DC. Nessa altura, os vampiros eram «apenas» criaturas que roubavam a alma aos vivos, tornando-os também a eles vampiros. Alguns alimentavam-se dos mortos, outros sugavam o sangue às suas vítimas. Mas nada de morcegos que mordem para chuparem (um pouco) de sangue. Essa ligação entre vampiros e morcegos surgiu com os Descobrimentos. As únicas três espécies de morcegos que se alimentam de sangue são oriundas da América do Sul. Quando os Europeus (Espanhóis e Portugueses) depararam com estes morcegos, a notícia de que os vampiros eram mesmo reais correu a Europa. A associação entre os morcegos e os vampiros tornou-se, então, fixa. Mas vampiros e morcegos
não são a mesma coisa: se fossem, que lógica haveria em chamar a esses animais morcegos-vampiros? .:. No início do século XIX (em 1819), surgiu o livro «
The Vampire», de John Polidori, onde surge, pela primeira vez na literatura europeia, um vampiro humano aristrocrático, na figura de
Lord Ruthven. O livro que escreveu baseou-se num pequeno conto escrito pelo famoso poeta inglês
Lord Byron, escrito por este na mesma noite e na sequência do mesmo desafio que levou Mary Shelley a escrever «
Frankenstein». .:. Em 1871,
Sheridan Le Fanu escreveu «
Carmilla», a história de uma mulher vampira que persegue uma jovem e inocente vítima. .:. Baseado neste último, Bram Stoker escreveu, em 1897, o famoso livro «
Drácula». Inspirou-se também no enigmático príncipe (e não conde)
Vlad III Tepes, que governou a
Valáquia(parte da actual Roménia), entre 1448 e 1476.
É claro, como visto no artigo
esTepes, que vampiros humanos, com as características geralmente aceites, são uma
impossibilidade matemática (pelo menos), mas isso não lhes retira o apelo e interesse. Mas que sejam pontuados com um conhecimento concreto de onde vêm e do que podem ou não significar. A História que liga Vampiros a Dragões e ao Príncipe Vlad III, começa sensivelmente no século XIV DC.
Por volta dessa altura, D. Dinis era o Rei de Portugal e Marco Pólo fez a sua viagem à China. Ver o artigo A derrota de pizza para mais sobre Marco Pólo. O Império Romano há muito tinha passado a pertencer somente aos livros de História: em 476 DC, o imperador Rómulo Augusto capitulou perante as forças de rei bárbaro Odoacro, pondo fim ao Império Romano do Ocidente. O Império Romano do Oriente, com a sua capital na cidade de Constantinopla (actual Istambul) permaneceu.
O Império Romano foi definitivamente separado em dois, em 395, pelos filhos do último Imperador do Império Romano Unido, Teodósio. Ver Magna bybliotheca para a possível ligação de Todósio ao desaparecimento da Grande Biblioteca de Alexandria. Entre 476 e 1453, o Império Romano do Oriente subsistiu e chegou mesmo a reconquistar a Península Itálica às forças bárbaras que a tinham conquistado. Mas um povo de religião muçulmana (tinham sido convertidos pelos Árabes, cuja religião fora fundada, no século VII, por Maomé), oriundo da Anatólia (onde se situa presentemente a Turquia), liderado por
Osman I, aproveitando a fraqueza militar do Império Romano do Oriente, aos poucos foi conquistando todos os seus territórios. Em 1453, com a queda da Constantinopla (rebatizada Istambul pelos Turcos Otomanos), o Império Romano acabou, ficando as antigas possessões orientais sob domínio muçulmano.
Ver, sobre este Império, que só acabou em 1918, com a sua derrota na I.ª Guerra Mundial, os artigos:
~
Míngua sobre a ligação entre a conquista desta cidade, o Império Otomano e a razão porque tantas nações muçulmanas modernas têm um Quarto Crescente na bandeira, apesar de não ser este o símbolo da religião islâmica;
~
Os Magos dos Medos sobre as origens comums das 3 religiões monoteístas mundiais. União Europeia em 2007
Após a conquista de Constantinopla, o Império Otomano cresceu em poder e influência, tornando-se uma potência de respeito. Foi, por exemplo, a primeira nação do Mundo a equipar o seu exército regular com armas de fogo.
Várias nações europeias decidiram tentar seguir o exemplo do Império Otomano, criando corpos militares armados com armas de fogo. Uma dessa tentativas foi na França, com a criação dos Mosqueteiros do Rei, um grupo de elite que combatia a cavalo e com mosquetes, não com as espadas a que os filmes nos habituaram. Ver Um por todos para mais sobre os Mosqueteiros e os verdadeiros D'Artagnan, Portos, Atos e Aramis.
A expansão otomana preocupava os reis e príncipes europeus, em especial a Hungria, que fazia directamente fronteira com os muçulmanos otomanos (cujo nome deriva directamente do seu primeiro líder, Osman I). Mas o mundo cristão não era somente feito de lutas contra os muçulmanos. Em 1330, Basarab I, que governava a
Valáquia, então parte da Hungria, revoltou-se contra o Rei húngaro e estabeleceu a independência da Valáquia, tornando-se, dessa forma, o país europeu mais directamente em contacto com o Império Otomano.

E os Otomanos continuavam a sua expansão territorial e militar. Para lhes fazer face, o Rei Sigismundo I da Hungria criou, em 1408, a
Ordem do Dragão (
Societatis Draconistrarum), um grupo de cavaleiros nobres cuja missão era defender a religião cristã. Dos 24 membros-fundadores, faziam parte o Rei da Hungria, o Rei da Sérvia, o Rei da Polónia, o Rei da Lituânia, o Rei da Áustria, o Rei da Dinamarca e o Rei de Aragão e Nápoles (de nome Afonso e bisneto de
D. Pedro I de Portugal e de Dona Inês de Castro).
Equivalentemente, em Portugal, em 1318, foi criada a Ordem de Cristo, uma ordem militar cristã, inicialmente sediada em Castro Marim e depois movida para Tomar, onde absorveu os bens e propriedades da extinta Ordem dos Templários.
Em 1431, Sigismundo I resolveu alargar a Ordem e convidou o Príncipe da Valáquia, de nome
Vlad II. Dessa forma, Vlad II da Valáquia assumiu o nome de
Vlad II Dracul (de «Draco», Dragão/Serpente em Latim). Assim foi fundada, em 1431, a dinastia de príncipes da Valáquia dos Dracul, cujo objectivo era lutar contra a expansão otomana.
As vitórias que tiveram foram efémeras e, em 1521, os Otomanos já tinham conquistado a Valáquia, a Transilvânia, a Moldávia e o Reino da Hungria foi conquistado nesse ano. 
Na altura em que nasceu (em 1431) o seu segundo filho, na Transilvânia, de nome Vlad III, Vlad Dracul encontrava-se em Nuremberga, para ser integrado na Ordem do Dragão. Com a idade de 5 anos, Vlad III tornou-se membro da Ordem do Dragão e assumiu o cognome de
Draculae («pequeno dragão» em latim).
Actualmente, em romeno, a palavra «draco» significa «demónio» mas, na altura, o seu significado era o mesmo que tinha em latim, Dragão. Quando era jovem, o seu pai negociou com os Otomanos para que estes não invadissem a Valáquia. Em troca, Vlad II tornou-se vassalo dos Otomanos e entregou os seus dois filhos mais jovens (Vlad III e Radu) como reféns dos Otomanos, como garantia. Vlad III foi muito maltrado fisicamente pelos turcos, o que lhe marcou o espírito e lhe deu um ódio enorme pelos turcos e pelo seu pai, que considerava como traidor à Ordem do Dragão (em vez de lutar contra os muçulmanos otomanos, tornou-se seu vassalo sem oferecer luta). Vlad III passava bastante tempo no seu palácio, à volta do qual se desenvolveu a moderna cidade de Bucareste, capital da actual Roménia. Vlad III Draculae tem também a alcunha de
Vlad III Tepes (que significa «O Impalador»), pois essa era a sua forma preferida para executar prisioneiros. Durante a sua vida, manteve a luta contra os Otomanos e é até, na Roménia, ainda recordado como um príncipe justo e defensor do principado. Foi casado duas vezes, tendo a primeira mulher (de que não se sabe o nome) morrido em 1462: os Otomanos preparavam-se para invadir a Valáquia e a mulher de Vlad Draculae atirou-se da janela do palácio Poienari para o rio alegadamente dizendo que «preferia que o seu corpo apodrecesse e fosse comido pelos peixes do que ser capturada pelos Turcos». Ainda hoje, o rio onde ela se suicidou chama-se «Râul Doamnei» (O rio da Senhora, em romeno). Vlad terá morrido em 1476 mas não se sabe se em combate ou durante uma caçada. Os Turcos ficaram com e decapitaram o cadáver do Príncipe da Valáquia, conservando-o em mel e enviando a cabeça para o Sultão do Império Otomano. Supostamente o corpo terá sido enterrado num convento perto de Bucareste.

Vlad Draculae faz parte das lendas e folclore romenos. Para os camponeses romenos, Vlad Darculae é lembrado como um defensor do povo e protector da nação contra os Turcos. O poeta nacional da Roménia
Mihai Eminescu (1850-1889) escreveu «Onde estás, Lorde Tepes, para os apanhares e separares em dois grupos: os tolos e os patifes», numa referência às medidas anti-corrupção e anti-criminais (muitas vezes brutais) que Vlad Draculae usava. A par dessa luta contra o crime e a corrupção, Vlad Drculae também é recordado por ter, como resposta ao que considerou um insulto, pregado, em vida, os chapéus de embaixadores (a nação varia conforme a lenda) às suas cabeças. O seu gosto por impalar também é uma outra das suas características mais negativas referidas. As principais vítimas eram os prisoneiros turcos que ele capturava depois das batalhas. Conta-se que Mehmed II, sultão otomano, voltou para trás numa altura em que invadia a Valáquia depois de deparar com dezenas de milhar de cadáveres de soldados turcos impalados em redor da capital de Vlad Draculae, Targoviste. Estabelecem-se assim algumas diferenças entre o mito do Conde Drácula e a figura histórica que «inspirou» a sua criação (o nome Drácula deriva directamente do seu título de membro da Ordem do Dragão, Draculae): ~ Vlad III Draculae era
príncipe (e não conde) e o seu nome significa
pequeno dragão, por pertencer à Ordem Militar Cristã do Dragão. ~ Foi cruel durante o seu reinado mas, certamente, não muito mais do que muitos dos reis da sua época. É recordada e elogiada a sua luta contra a corrupção e contra o crime (referida, em 2004, pelo então candidato e actual presidente da Roménia Traian Basescu como exemplo a seguir). ~ Apesar de ser associado à Transilvânia (onde nasceu durante o exílio dos seus pais), Vlad Draculae governou a Valáquia, um principado vizinho. ~ Foi um governante que lutou pela Fé Católica e pelo Poder da Igreja. Por isso, dificilmente seria afectado por lhe ser mostrada um cruz... ~ Morreu, em 1476, decapitado pelos inimigos da fé católica, o seu corpo enterrado na Valáquia e a cabeça enviada para a Turquia.
Os verdadeiros vampiros existem, de facto: os Morcegos Vampiros. Há, neste momento, aproximadamente mil e cem espécies de vampiros, das quais apenas três (0,27%) são vampiras (isto é, alimentam-se de sangue): os Desmodus rotundus
, os Diphylla ecaudata
e os Diaemus youngi
, as três originárias (e residentes) na América do Sul... Ou seja, uma família pacata e maioritariamente frugívora ou insectívora como os Morcegos, com as suas milhares de espécies, recebe uma tremenda má fama por causa de apenas 3 delas (um pouco como se uma família inteira de mil e cem pessoas fosse suspeita dum crime cometido por apenas três dos seus membros). Aliás, há quem (e é de bom-senso) construa «Casas para Morcegos», tal como se constroem «Casas para Pássaros», em particular na Europa, onde a maioria dos morcegos é insectívora. Deste forma, estimula-se o crescimento da população de morcegos insectívoros: os mosquitos e outros insectos voadores perigosos são comidos e os morcegos, que passam o dia a dormir e, durante e noite, voam em silêncio e emitem sons demasiado altos para um Ser Humano ouvir (a eco-localização que lhes permite voar no escuro), não incomodam qualquer pessoa e contribuem para a saúde de quem, tantas vezes, os maltrata. Uma das espécies que os Morcegos caçam e que é altamente irritante e perigosa, por extrair sangue de animais (e de seres humanos) e poder, dessa forma, propagar graves doenças, é a dos mosquitos. Mas apenas as fêmeas o fazem, para alimentar os seus ovos, enquanto os machos se alimentam de pólen, ver Girl Power. Eis a página oficial do «Castelo de Drácula», na Transilvânia (disponível em Inglês e em Romeno), que pode ser (e é) visitado.