A História é, a par da Matemática, daquelas disciplinas vítima de muitos mal-entendidos e preconceitos desajustados.
Para muitos, História é uma lista enfadonha de datas e nomes de Reis e de relatos de guerras.
Se fosse assim, eu seria mais uma dessas pessoas. Mas eu gosto imenso de História.
A verdadeira História (ou a forma como eu entendo a História): um rio contínuo de acontecimentos, Passado a tornar-se Presente e a encaminhar-se para o Futuro, a fluidez de um organismo vivo sem a rigidez dos objetos inanimados, as datas como ilhas em torno das quais flui o rio da História e não como os alicerces rígidos de um edifício imóvel.
Neste início do segundo milénio da nossa era, é importante fazer um balanço do milénio passado para melhor entender o início deste.
Mil anos não são facilmente reduzidos num pequeno texto nem tenho as ferramentas para o fazer.
Limitar-me-ei então aos 3% da Terra que tanto influenciaram os destinos dos restantes 97% ao longo deste milénio: a Europa Ocidental.
E ainda assim, apenas a alguns aspetos mais salientes.
Quando o ano 1 da nossa Era começou, a Europa Ocidental fazia parte do Império Romano.
Ninguém, na altura, lhe chamou o ano 1. Foi apenas 525 anos depois que Dionísio Exíguo criou o Anno Domini e o calendário que, passados 3 séculos (no final do século VIII), foi adoptado no Império Carolíngio. 15 séculos depois, é o calendário usado em contextos internacionais por muitos países, nomeadamente pela ONU (o nome em inglês é UNO, que é «um» em Latim e deu origem a «unidade», «unido»,... em Português).
O Império Romano estava no seu auge, a mais poderosa entidade política, militar, cultural alguma vez existente ao longo da História Europeia.
Quando o «novo» milénio começou, reinava ainda o primeiro Imperador romano César Augusto, sobrinho de Júlio César (reinou entre 27AC e 14DC). O Império vivia a Pax Romana, um período de 207 anos (de 27AC a 180DC) de estabilidade política e paz militar e que terminou quando o Imperador Marco Aurélio morreu.
Até que, em 376, os Hunos de Átila chegaram à Europa e derrotaram os povos germânicos da fronteira com o Império romano. Fugindo aos cavaleiros nómadas hunos, os Visigodos entraram no Império, saquearam a cidade de Roma e instalaram-se na Península Ibérica durante 200 anos. Atrás deles, vieram os Francos, que se instalaram na Gália que viria a adotar o nome de França (de «francos»). Os Anglos (oriundos do norte da atual Alemanha) e os Saxões (oriundos do moderno centro alemão) instalaram-se na Bretanha (ainda hoje em dia, se designam por Anglo-Saxónicas as pessoas de origem inglesa).
Em 275AD, o Império Romano tinha sido dividido oficialmente em dois (o Império Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente).
O Império Romano do Ocidente foi desaparecendo gradualmente à medida que as tribos germânicas iam alargando os seus domínios. Em 476DC, o último imperador romano do ocidente abdicou sob pressão do líder bárbaro Odoacer.
O Império Romano do Oriente perdurou até 1453, quando os Otomanos conquistaram finalmente Constantinopla, mudaram o seu nome para Istambul e adotaram o símbolo da cidade como o seu: o quarto crescente (que modernamente se associa à religião islâmica apesar de não ser um símbolo religioso. Para mais, ver o artigo Míngua). Esta designação é moderna, os «romanos do oriente» sempre se chamaram romanos e, entre outras designações, chamavam ao seu território «Romania», o que é a origem do moderno nome do país Roménia, que fazia parte deste império (também chamado, muitos séculos depois, de Império Bizantino devido ao antigo nome da cidade: Bizâncio->Constantinopla->Istambul).
Há já bastante tempo que não escrevo um artigo no Cognosco.
Infelizmente, questões de cariz pessoal têm-no impedido.
Lamento se terei desiludido os cerca de 300 visitantes diários do Cognosco.
Tentarei retomar esta fonte de luz na minha vida que é este meu blogue.
Não sei se terei a mesma pujança e capacidade de anteriormente mas a vontade está presente.
Começarei por escrever um artigo em que farei um balanço curto de alguns pontos que considero, numa perspetiva puramente pessoal, importantes na compreensão da Europa (ocidental) neste início do segundo milénio da «nossa» era.
Será um balanço histórico do primeiro milérnio deste pequeno espaço geográfico imprecisamente definido, a Europa dita Ocidental, como definida pela National Geographic Society: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Liechenstein, Luxemburgo, Malta, Mónaco, Nederlândia (vulgo Holanda), Noruega, Portugal, São Marino, Suécia, Suíça, Reino Unido, Vaticano.
Esta pequena área do Mundo, com cerca de 4 milhões de quilómetros quadrados (3 936 021,125 km2), ocupa apenas cerca de 3% da superfície terrestre (148 milhões e 940 mil km2) mas tem sido o principal foco de mudanças globais no milénio que terminou recentemente.
Será um artigo muito eurocêntrico (na vardade europa-ocidental-cêntrico), pelo que espero a compreensão dos leitores brasileiros do Cognosco (das 300 visitas diárias, cerca de 100 eram, do Brasil, oriundas).
O Brasil, comum e corretamente ente designado de nosso país-irmão (assim como a Espanha).
Numa perspetiva mais exata (mas condescendente), é mais um país-filho da mesma forma que a Espanha é de forma mais exata (mas inquietante) o nosso país-mãe...