Um traço comum à maioria (todos?) os regimes políticos totalitários é subverter a História, a Cultura, as tradições e os valores dos países que tiveram a infelicidade (consentida ou não na altura) de viverem sob o seu jugo.
A última metade do século passado assistiu à ascenção de vários desses regimes (de esquerda e de direita) e às adulterações e manipulações que empregaram para ganhar e manter a sua posição política.
Em Portugal, foi a adulteração da rica História portuguesa para lhe dar contornos mais salazaristas. Como as cores da bandeira nacional (vermelho e verde) que eram simplesmente as cores do Partido Republicano que derrubou a Monarquia e que foi derrubado para permitir a ascenção da ditadura salazarista (para mais sobre o papel do Estado Novo ver Cadeira Negra). Distorcendo a realidade histórica, espalharam a noção de que representavam «o sangue dos heróis que se sacrificaram pela pátria» (um claro apelo militarista) e os campos verdes de Portugal (um claro apelo nacionalista). Ou o racismo bacoco e contrário ao «espírito português», já que Portugal, pelas mãos do Marquês de Pombal, em 1761, aboliu a escravatura. Duzentos anos de Abolocionismo mas que chocavam com a necessidade de justificar um Império colonial risível e uma guerra suicida contra pessoas que ligitimamente apenas queriam serem donas da sua casa e vida. Ainda agora pagamos os custos culturais (outros custos, como os financeiros e sociais, são abordados no artigo anteriormente referido) dessa distorção e a rica História de Portugal com quase 900 anos é esquecida e negligenciada pela geração que lutou contra o Regime Político salazarista e contra tudo quanto a ele estava relacionado.
Na Alemanha, o partido liderado pelo Cabo da Baviera distorceu a riqueza da Cultura musical, filosófica e mitológica do país. Nascido na Áustria, lutou na I.ª Guerra Mundial ao lado do Exército Alemão na Divisão da Baviera (de onde era oriunda a sua família materna). Tendo sido vítima de um ataque com Gás, assistiu às mortes dos seus companheiros enquanto ele próprio nada sofreu fisicamente. Mas as marcas psicológicas foram profundas e ficou com Cegueira Histérica (apesar de fisicamente nada ter). Foi retirado a essa condição psicológica debilitante por um psicólogo que o convenceu de que tinha sobrevivido por ter uma missão na vida e que a sua «cegueira» impossibilitaria. O Cabo com o bigode ridículo absorveu de tal forma esta noção que a sua visão voltou e virou-se para algo pelo qual nunca antes tinha mostrado interesse (era um pintor de pouco sucesso antes da guerra): a Política. Com as sérias consequências que daí advieram. A própria idiotice do regime e dos seus alicerces teóricos conduziria à sua destruição (Einstein é um exemplo paradigmático) mas foi infelizmente necessário que 6 milhões de pessoas morressem antes disso.
A (agora) infame frase «Arbeit macht frei» («O Trabalho dá/faz livre») foi mais uma dessas apropriações cancerosas feita pelo regime desse pequeno cabo da Baviera que seria o primeiro na fila para a aniquilação pelos seus sequazes caso os critérios de extermínio do seu regime a todos abrangesse. Ele era o perfeito exemplar de tudo o que não era o «Ariano» fictício por ele imaginado, com o seu cabelo escuro e fraco, o físico magro, baixa estatura, a doença de Parkinson precoce...
Foi colocada à entrada de vários Campos de Concentração (mas não de todos: o campo de Buchenwald, perto da cidade de Weimar, Alemanha, tinha a inscrição «Jedem das Seine» («A cada um o que é seu»): dos 400 existentes, «apenas» em Dachau (Alemanha), Gross-Rosen (Polónia), Sachsenhausen (Alemana), Theresienstadt (República Checa) e Fort Breendonk (Bélgica).
A frase surgiu como título de um livro, da autoria de Lorenz Diefenbach, de 1873 no qual jogadores e burlões deixam para trás os seus vícios depois de se dedicarem a trabalhos honestos e meritórios. Eis como a mais nobre das intenções é deturpada e usada para fins contrários à sua intenção original.
Como é usual em pessoas de pequena estatura moral e intelectual, os acéfalos nacional-socialistas roubaram a criatividade de uns para fingirem ter o brilho que não tinham.
Cada vez mais se fala de engenharia genética, manipulação de genes, genoma humano, biotecnologias...
Mas, como é cada vez mais comum nesta sociedade globalizada que mistura/confunde «entretenimento» com «informação» e em que «atualidade» suplanta «rigor» na seleção noticiosa, fala-se de temas importantes sem esclarecer os conceitos básicos sem os quais não há verdadeiro entendimento. É como tentar fazer uma receita não se sabendo ao certo que cogumelos são referidos mas colocando alguns que crescem no quintal porque «deve dar tudo no mesmo». Mas nem todos os cogumelos são iguais...
Na base de todos estes temas «atuais» está o ADN/DNA (também o ARN/RNA, que tem como principal missão transferir a informação do ADN para a célula para gerir a sua atividade e produzir as substâncias necessárias) e os genes que são pequenas porções do ADN ligadas a uma característica específica do corpo (se bem que normalmente é necessário mais de um gene para especificar algo concreto como a cor dos olhos e não haver uma distinção clara no ADN onde acaba um gene e começa outro).
Mas quantas pessoas sabem exatamente o que é este conjunto de 3 letras? Muitos saberão que ADN é a versão em Língua Portuguesa de DNA. Alguns outros que ADN significa «Ácido Desoxirribonucleico» (ou Deoxyribonucleic acid em Inglês). Nome comprido/imponente mas o que é exatamente? É um ácido?!
De forma simples, o ADN é uma longa molécula existente em todos os seres vivos desde os que têm apenas uma célula até aos que têm biliões (trillions em Inglês, como visto no artigo Cardinando) e que serve como planta de construção para o corpo, para o seu funcionamento ao longo da sua vida e para se reproduzir. Foi primeiro identificado (sem que se soubesse o papel vital que tem) pelo médico suíço Friedrich Miescher em 1869. Como se encontra dentro dos núcleos celulares, chamou-le «nucleíno». Poucos anos depois, o bioquímico alemão Luwig Albrecht Kossel isolou cinco dos constituintes do ADN (as bases): Adenosina, Citosina, Guanina, Timina (no ADN) e Uracilo (no RNA). É a presença da Timina que permite ao ADN formar a Dupla Hélice tão característica em vez da forma linear do RNA que tem Uracilo em vez de Timina.
A diferença entre o ARN (Ácido Ribonucleico) e o ADN (Ácido Desoxirribonucleico) não se esgota na presença da base nucleótida U em vez da T. O próprio nome refere apenas que o primeiro é Ribonucleico e o segundo Desoxirriblonucleico:
.:. ambos são «nucleicos» por se encontrarem no núcleo;
.:. ambos têm «ribose» na sua estrutura (todas as substências cujo nome termina em «-ose» são açúcares: sacarose, frutose, lactose, ribose,..) .:. mas um tem uma ribose completa e o outro uma desoxirribose. É uma desoxirRibose por não ter (des-) um átomo de oxigénio (-oxi-) que a ribose tem. Se o ADN fosse uma escada, as bases que codificam a informação (ACGT) eram os degraus e a desoxirRibose formava os braços da escada.
E agora a pergunta essencial: e é um ácido? Como podems viver com ácidos em cada uma das nossas células? O estômago tem Ácido Clorídrico para a digestão e tem de renovar constantemente as suas paredes internas para substituir o que é corroído pelo ácido usado no processo de digestão. E nem falemos no Ácido Sulfúrico a na chuca ácida que corrói as estátuas e monumentos de pedra!
Bem, como os cogumelos, nem todos os ácidos são iguais e apenas uma característica liga todas as substâncias que se designam por ácidos e que as não-ácidas não têm. A palavra «ácido» vem do Latim «acidus» (verdadeiramente surpreendente esta ligação!) que significa «amargo». Mas nem todos os ácidos têm um sabor amargo (e outros não convém provar para saber a que sabem) e nem todos os ácidos são líquidos (o ácido tartárico, presente no vinho e usado na culinária, surge em forma de cristais sólidos). Na forma líquida, os ácidos têm um pH inferior a 7 mas, como há acidos que não líquidos, a definição de pH não será a melhor para os caracterizar (se bem que já há formas de medir o pH de substâncias sólidas).
pH é uma medida da acidez de uma substância. O «p» refere-se ao «simétrico do logaritmo» e o H à concentração de iões H+ (ou seja, um único protão livre). Quantos mais protões livres a substância libertar na água, maior é o H, menor o pH e mais ácida é a substância. O curioso da escala pH é que o neutro é 7 e não 0! Isso é porque a água pura, à temperatura de 25ºC (a temperatura «normal» de referência) produz naturalmente tantos iões H+ como OH- (quantos mais H+ mais ácida a substência e quantos mais OH- mais básica/menos ácida é). A água tem a foma química H2O e espontaneamente dissocia alguma dessas molécuas em H+ e OH-. Por isso a escala «começa» em 7.
Mas o que tem isso a ver com o ADN/ARN? Há tantas bases no ADN/ARN (as referidas A, C, G, T/U) que é estranho que seja/m ácidos. Mas mesmo no ainda no século XIX (nos últimos anos do século e pouco depois de ter sido descoberto, o patologista alemão Richard Altmann determinou a acidez do ADN, em conformidade com o ácido fosfórico do qual deriva. Apesar da existência de vários pares de bases na molécula, não há equilíbrio entre a libertação dos iões OH- e dos H+, prevalecendo estes devido aos grupos com fosfato (os que herda do ácido fosfórico) que contem.
Eis então porque temos ácido (desoxirribonucleico) a correr nas nosas veias...
Eis uma sugestão interessante de «.» para um página virtual que permite fazer esboços (para ilustrar uma ideia ou apenas rabiscar):Sketch.
Vem na sequência de uma conversa já antiga entre nós sobre a possibilidade de os comentários permitirem não só texto como imagens...