Diário das pequenas descobertas da vida.
Eis um destino horrível: um homem que tem tanta cultura que se saturou. Um pouco como um cozinheiro, cansado da
novelle cuisine.
Já tive oportunidade de
comentar no
bloquito sobre esta questão.
Quantos de nós já não chegaram a casa cansados de um dia de trabalho, de uma série de papeladas resolvidas, de chatices geridas e ultrapassadas e não conseguem ler o livro que tanto os estava a emocionar? Não conseguem ver o DVD daquele filme que o amigo emprestou? Não conseguem ouvir o CD que acabaram de comprar?
É que os estímulos culturais são tantos na sociedade em que vivemos que por vezes não temos tempo nem disponibilidade para procurarmos novos estímulos ou criarmos nós mesmos esses estímulos. Nesse dia não conseguimos fazer o próximo capítulo do livro que andamos a escrever, não conseguimos tocar um novo acorde para a música que estamos a escrever, não conseguimos escrever a próxima cena da peça que andamos a escrever, não conseguimos escrever um novo artigo para o blog que andamos a escrever.
E o mundo parece que desaba. "Mas quem sou eu afinal?! Sempre gostei de escrever livros/músicas/peças/blogs e agora
não consigo?"
É aí que nos apercebemos que "Fui infectado com o vírus SC1 (saturação cultural)".
O diagnóstico é garantido quando nem temos força para ler os 3 novos artigos do dia do
Cognosco.
Infelizmente só há um tratamento para o SC1, a estremamente dolorosa quarentena.
Eis pois o remédio do séc. XXI para a doença do séc XXI: não leiam, não conversem, não vejam filmes, não ouçam música, não usem a internet, não leiam o
Cognosco e aguardem. Dependendo do vosso estado de toxico-dependência a ressaca chegará.
Quando chegar nadem em livros, vejam filmes, comentem e tudo mais com a alegria dos ditosos quinze...
Se bem que não sei se não é preferível morrer desta doença em vez da cura...